quinta-feira, 25 de junho de 2009
segunda-feira, 22 de junho de 2009
domingo, 21 de junho de 2009
...ubuntu...
sábado, 20 de junho de 2009
Regresso
Regressámos de onde as férias nos disseram que a felicidade é uma oportunidade que a vida dá a si mesma e encontrámos o nosso eterno retorno privativo.
Antes de partirmos para esse além do nosso aquém quotidiano e servil, tudo nos parecia fatigado como um material que serviu muito: acordar, vestir, andar, agir, desejar, trabalhar, adormecer.
Todos os nossos gestos, actos, erros, acertos nos tornavam mais pesados que o nosso próprio corpo.
Estávamos cansados do nosso cansaço e do seu hálito morno e lento.
Se conseguíamos moer os pés, era porque tínhamos à nossa frente uma promessa de fuga, de interrupção, de liberdade. Era isso que nos atraía, como um vórtice que começa a desmentir-se.
Passar do negócio ao ócio, do fazer ao lazer, da velocidade ao vagar,
é como deixar de ouvir a voz do tambor para ouvir a voz da flauta.
Ali estivemos a tentar escutá-la, sob o sol ou sobre a água.
Ali ficámos a ouvi-la, à sombra da árvore ou em frente da montanha.
Ali a procurámos, na penumbra da preguiça ou no vórtice da volúpia.
Ali escutámos o que, fora desse tempo, não escutamos, mesmo quando ouvimos.
Ali vimos o que, fora desse lugar, não vemos, mesmo quando olhamos.
Ali concedemos ao corpo ocasião de se vingar do nosso moralismo ou da nossa desordem.
Ali demos tempo ao tempo, terminando como o rico arruinado, que pensou possuir mais do que afinal possuía.
Nos primeiros dias de férias substituímos o relógio de quartzo pelo relógio de corda e, nos últimos, pela ampulheta ou pela clepsidra.
Mas com a consciência de que esse clarão anunciava o relâmpago.
Nos dias do fim das férias, começou a aparecer o regresso à rotina como a ameaça de um céu que escurece.
Para nos distrairmos dela, jurámos a nós próprios que vamos reinventar o que repetíamos, reerguer o que arrastávamos, ressuscitar o que matávamos, acelerar o que travávamos, fazer o que adiávamos.
É por isso que cada regresso coincide em nós com um recomeço.
T. S. Eliot afirma:
"...Se não fosse o ponto, o ponto morto,
não haveria dança, e há só a dança.
Eu apenas posso dizer, estivemos ali: mas não posso dizer onde.
E não posso dizer por quanto tempo, pois seria situar isso no tempo.
(...) Apenas pelo tempo o tempo é conquistado."
E acrescenta:
"O que chamamos o princípio é muitas vezes o fim.
E terminar é começar.
É do fim que nós partimos."
Mesmo quando, no fim das férias, precisamos de férias das férias e voltamos com livros que levámos para ler e nem abrimos, essas pequenas derrotas foram a vitória da nossa liberdade, da nossa vontade, do nosso alheamento, do nosso sono.
Neste regresso, em que queremos acreditar que tudo vai mudar, já sabemos, também que, pouco a pouco, quase sem darmos por isso, tudo de vai tornando igual ao que era e voltará a acontecer o que queríamos evitar.
Não importa: a vida é feita de falsas partidas e de chegadas fictícias.
É feita de ilusões desfeitas, de intenções quebradas, de planos mortos.
De tédios interrompidos, transformados, recuperados.
Saber isso é saber que a perfeição só nas férias nos é dada, porque apenas nas férias ela não nos é pedida."
José Manuel dos Santos, Expresso, 15 de Setembro de 2007
terça-feira, 16 de junho de 2009
sexta-feira, 12 de junho de 2009
...a voz fechada dentro de uma arca,,,
"As suas palavras soavam entre silêncios sem regra, como se falasse à medida que se ia lembrando.
A cada pausa, a frase anterior perdurava nas paredes, escrita na cal com a cor da cal.
Disse; chega devagar, mas vem;
aproxima-se e será um dia infinito, uma noite eterna, um instante parado que não será um instante;
e os assuntos grandes serão menores que os mais ridículos, e os assuntos grandes serão ainda maiores porque serão os únicos."
J. L. Peixoto, Nenhum Olhar
terça-feira, 9 de junho de 2009
domingo, 7 de junho de 2009
...Eternal Sunshine of the Spotless Mind...
...gostei tanto...
...tanto...
...tão ternurento, surpreendente, trágico, "touching", reconfortante...
...lindo, esteticamente e visualmente mágico...
...envolvente...
...as memórias...
...somos mesmo nós as nossas memórias? como lidar com esta realidade de que tudo aquilo que fazemos permanece em nós, de uma forma ou de qualquer outro modo, porque sim ou porque não, porque fazemos ou porque queríamos ter feito de outro modo, porque os momentos são apenas e uma única vez, apenas e uma única vez,
...e, ou os vivemos ou os recordamos como o que não está lá, mas deveria estar...
...mas a verdade é que a memória permanece, sempre permanece...
...sim, eu tenho a informação de que o esquecimento existe, mas não é dele agora me apraz falar,mas sim a memória, o eu, construído, vivido, guardado, memorizado...
...o ser que sou é aquele de que me lembro...
...embora possa lembrar-me de muitas coisas e esquecer tantas outras...
...porque somos, também, e muito além do que eu quereria ser, as nossas lacunas...demasiado inquestionável...
so cretty
sábado, 6 de junho de 2009
segunda-feira, 1 de junho de 2009
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